Monitor de LCD vê o que o usuário faz, dispensando teclado e mouse

07/01/2010 13:32

Redação do Site Inovação Tecnológica Monitor de LCD vê o que o usuário faz, dispensando teclado e mouse

Conhecendo a distância de cada objeto, torna-se possível usar esses objetos - as mãos, por exemplo - para executar tarefas na própria tela, interpretando os gestos como comandos.[Imagem: MIT Media Lab]

Interface e scanner 3D

Um monitor de LCD comum pode ser modificado para "ver" o mundo à sua frente, em 3D.

Isto significa que um usuário poderá controlar os objetos que estão sendo mostrados na tela simplesmente mexendo seus braços no ar, sem tocar a tela, como nos monitores sensíveis ao toque.

"Este é um nível de interação que ninguém jamais foi capaz de fazer antes", diz Ramesh Raskar, do laboratório Media Lab, do MIT, um dos engenheiros que criou o protótipo do monitor que enxerga.

A tela - batizada de BiDi, uma abreviatura para bidirecional - permite que os usuários manipulem ou interajam com objetos na tela em três dimensões. Além disso, a tela pode funcionar como um scanner 3D: "Se você girar um objeto na frente da tela, o software vai capturar uma imagem 3D," disse Raskar à revista New Scientist.

Outras tecnologias que buscam imitar a ficção de filmes como Minority Report usam câmeras para monitorar os gestos do usuário.

Técnicas para que um monitor enxergue

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Cambridge desenvolveram um sistema de sensores que pode ser incorporado em óculos e monitores de LCD, transformando-os em sensores ópticos.

Empresas fabricantes de LCD também estão apostando em suas próprias versões desse conceito, incorporando receptores de luz entre as camadas que compõem a tela.

Mas, por enquanto, a "visão" oferecida por esses esquemas é bastante ruim, como as imagens captadas por uma câmera sem lentes. Colocar minúsculas lentes diretamente na frente de cada sensor óptico poderia ser uma solução, mas a camada de lentes prejudicaria a imagem do monitor.

Os pesquisadores do MIT demonstraram que o mesmo resultado pode ser obtido com o próprio mecanismo nativo das telas de cristal líquido.

Sensores dentro do monitor

O brilho de cada pixel de um LCD é controlado por uma camada de cristais líquidos, que se movimentam para controlar fisicamente a quantidade de luz, vinda do backlight da tela, que chega aos olhos do usuário.

No monitor BiDi, a equipe utilizou esta função para controlar também a luz que passa na outra direção, vinda do ambiente externo e atingindo uma camada de sensores colada atrás da tela - nesta posição, a camada de sensores não prejudica a imagem normal da tela.

Quando a tela está no modo "olhando", a maioria dos seus pixels são desligados pelos cristais líquidos. Mas uma grade de centenas de pixels, regularmente espalhados sobre a superfície de toda a tela, usa os cristais líquidos para criar pequenos buracos, que funcionam como a lente da câmara escura, focalizando uma imagem da cena sobre uma película fina e translúcida, localizada alguns centímetros atrás do LCD.

Essas imagens são capturadas por uma câmera dentro BiDi, permitindo que o dispositivo saiba o que está acontecendo à sua frente.

Imagens estereoscópicas

É claro que os pixels da tela LCD devem continuar fazendo o seu trabalho normal de apresentação das imagens para o usuário. Para isso, eles alternam entre as duas tarefas várias vezes por segundo, rápido demais para que o usuário perceba a interrupção na imagem.

Como são usados vários pixels de observação ao redor da tela, torna-se possível reconstruir imagens estereoscópicas, usando uma pequena quantidade de informação de cada uma das imagens captadas.

Vários pares de imagens estereoscópicas permitem a geração de imagens altamente focalizadas de cada objeto defronte à tela, o que possibilita o cálculo da distância de cada um desses objetos.

Conhecendo a distância de cada um, torna-se possível usar esses objetos - as mãos, por exemplo - para executar tarefas na própria tela, interpretando os gestos como comandos.

Filmes do protótipo da tela BiDi em ação podem ser vistos no endereço web.media.mit.edu/~mhirsch/bidi/.